Especialista alerta sobre os impactos diretos dos cigarros eletrônicos na saúde cardiovascular.
No mês de abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reafirmou a proibição aos cigarros eletrônicos no Brasil. A norma não trata do uso individual, porém veda o uso dos dispositivos em ambiente coletivo fechado. O não cumprimento é considerado infração sanitária e levará à aplicação de penalidade, como advertência, interdição, recolhimento e multa.
Com aromas e sabores diversos, os cigarros eletrônicos carregavam a promessa de serem uma alternativa menos prejudicial ao cigarro convencional. A Associação Médica Brasileira (AMB) alerta, porém, que a maioria dos vapes contém um alto teor de nicotina – droga psicoativa responsável pela dependência.
Apesar da proibição, uma pesquisa realizada pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) em 2023, mostra que 2,9 milhões de pessoas usam cigarros eletrônicos no país. Entre os riscos, os que mais se destacam no uso de vapes é o aumento do risco de doenças cardíacas. Novos estudos científicos afirmam que a prática pode aumentar em até 20% os riscos de desenvolver problemas do coração.
O cardiologista e professor do Instituto de Educação Médica (IDOMED), Pablo Germano de Oliveira, enumera os principais fatores de preocupação. “Câncer, doenças respiratórias e cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio, morte súbita e hipertensão arterial”, cita o especialista. Segundo Pablo Germano, o uso desses dispositivos também pode causar uma condição chamada ‘Evali’, sigla em inglês para designar uma lesão pulmonar grave, que se manifesta através de sintomas como tosse persistente, dores e cansaço.
“De acordo com estimativas do Ministério da Saúde, pacientes que fumam enfrentam uma redução média de 10 anos na expectativa de vida, e aqueles que param de fumar antes dos 40 anos podem reduzir o risco de morte em até 90%. É importante ressaltar que o cigarro eletrônico é tão ou mais perigoso que o cigarro convencional “, reforça o especialista.
Pablo ainda alerta que os cigarros eletrônicos apresentam riscos altíssimos equiparados aos dos cigarros convencionais, podendo aumentar a probabilidade de mais de 60 tipos de doenças, incluindo as respiratórias, cardiovasculares e circulatórias.
Saiba mais
Criados em 2003, a maior parte dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) usa bateria recarregável com refis. Essa bateria aquece o líquido presente no equipamento para criar vapor. O usuário, então, inala o vapor. Esses líquidos podem ou não conter nicotina em diferentes concentrações, além de aditivos, sabores e produtos químicos tóxicos à saúde, como propilenoglicol, glicerina e flavorizantes.