A governança familiar desempenha um papel crucial na preservação e proteção do patrimônio, conforme enfatizado por Cícero Rocha, presidente do Instituto Empresariar.
Segundo o especialista, a eficácia da governança familiar reside em sua capacidade de estruturar regras claras, promover transparência, assegurar uma comunicação eficaz e alinhar os valores entre os membros do grupo.
“Em primeiro lugar, acordos familiares, como um protocolo familiar, e acordo de sócios, ajudam a estabelecer diretrizes que guiam as decisões de longo prazo. A criação de uma estrutura de governança, com conselhos de família, sócios e de administração, garante que a gestão do patrimônio e dos negócios seja feita de forma profissional, protegendo os ativos de riscos emocionais e mal-entendidos”, explicou.
Dito isso, de acordo com o Cícero, a profissionalização da gestão também é essencial, segmentando o controle dos negócios das decisões emocionais, o que contribui para a perpetuação do patrimônio.
Além disso, o conselho de família, em particular, desempenha um papel crucial na governança familiar: ele serve como um fórum estruturado para o diálogo e a mediação entre os membros da família, ajudando a alinhar interesses e expectativas com os objetivos do negócio e do patrimônio.
“Este conselho facilita a integração das diferentes gerações e prepara os sucessores para os desafios futuros, assegurando que as decisões relacionadas ao patrimônio estejam em conformidade com os valores familiares. Através de uma estrutura formal, o conselho previne conflitos e garante que as decisões financeiras sejam tomadas com base em um planejamento estratégico bem definido”, apontou.
Entretanto, a implementação de uma governança familiar não está isenta de desafios. Um dos principais obstáculos é a resistência à formalização das regras e processos, especialmente a introdução de profissionais externos na gestão.
Ainda segundo o especialista, muitas vezes, há uma percepção equivocada de que a governança formal pode afastar a família do controle direto do patrimônio. Além disso, equilibrar as expectativas emocionais dos membros da família com a necessidade de uma gestão pragmática pode ser um desafio significativo.
“A falta de comunicação clara entre as gerações pode exacerbar esses conflitos e comprometer a continuidade dos negócios. Para superar esses desafios, é fundamental promover uma cultura de diálogo aberto e contínuo, envolvendo todos os membros da família no processo de criação e revisão das regras e diretrizes”, detalhou.
A introdução gradual das práticas de governança, acompanhada por uma educação contínua sobre a importância da profissionalização e do planejamento estratégico, pode ajudar a reduzir as resistências. Além disso, o apoio de um conselheiro experiente, especializado em empresas familiares e que compreenda as dinâmicas familiares, é crucial para mediar conflitos e garantir a implementação eficaz da governança.
Em suma, a governança familiar estruturada e eficaz é vital para a preservação do patrimônio. Ela permite a separação entre a gestão profissional e as emoções pessoais, promove a comunicação e o alinhamento entre os membros da família e garante que as decisões patrimoniais sejam tomadas de maneira estratégica e planejada.
Através de uma governança bem implementada, as famílias podem proteger e perpetuar seu patrimônio ao longo das gerações.