A nova definição foi consolidada em outubro pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM).
Recentemente, a Organização Mundial de Saúde alertou para o crescimento alarmante dos casais com dificuldade para engravidar, atingindo uma prevalência de 17,8% em países de alta renda e 16,5% em países de baixa e média renda. Tradicionalmente, a infertilidade é definida como uma condição em que os casais heterossexuais não conseguem conceber após 12 meses de relações sexuais desprotegidas.
O desenvolvimento da medicina reprodutiva, ao longo das últimas cinco décadas, tem ajudado casais na concretização do sonho da parentalidade. Juntamente com o avanço científico e tecnológico das técnicas de reprodução assistida, houve uma evolução no modelo das famílias em todo o mundo. As novas configurações familiares são cada vez mais comuns. Hoje, além dos casais heterossexuais, casais homoafetivos e solteiros(as) procuram a ajuda de especialistas em reprodução humana com o objetivo de terem filhos.
Assim, diante desse novo cenário, a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), publicou uma atualização no conceito da infertilidade. A nova definição inclui duas novas condições: 1) incapacidade de conseguir uma gravidez bem sucedida com base na história médica, sexual e reprodutiva: idade, achados físicos, testes diagnósticos ou qualquer combinação desses fatores; 2) necessidade de intervenção médica, mas não se limitando ao uso de gametas de doadores ou embriões de doadores em para alcançar uma gravidez bem-sucedida, seja como indivíduo ou com um parceiro.
Marcelo Cavalcante, médico especialista em reprodução humana, explica que “a infertilidade é considerada uma doença do sistema reprodutor masculino ou feminino, com códigos específicos na Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10). Com essa nova iniciativa, os(as) solteiros(as) e a população LGBTQIA+ são conceitualmente incluídos no contexto da medicina reprodutiva, podendo receber diagnóstico de infertilidade pelo CID-10. Agora, todos formam uma só voz na luta pelo acesso a tratamentos para infertilidade”, afirma.
Ainda de acordo com o médico, ter uma proposta como essa feita por um órgão tão importante como é a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva acende a necessidade de outros órgãos, como é o caso da OMS, olhar para esse novo conceito e incorporar em suas legislações. “O que esperamos é que aos poucos, as outras Sociedades devem começar a assimilar esse diagnóstico”, finaliza.