Por Chiara Lins
Um salve à todas essas heroínas sem capas, que não voam, não desaparecem num piscar de olhos, não se teletransportam, não têm a velocidade de uma bala, não detém os foras da lei num único golpe, que não têm a força pra retrucar a violência de um homem ou mais, de uma vez só, que não têm corpo “perfeito”, a pele incrível, os cabelos impecáveis e a maquiagem intacta após um dia inteiro de luta contra o mal. Porém, mesmo sem reconhecimento, tempo, dinheiro e apoio, agem além do entendimento como se possuisem todos esses “poderes” no dia-a-dia. Demonstram isso claramente e tamanha força e competência, quando enfrentam dupla ou tripla jornada de trabalho, buscando qualificação após um dia duro e exaustivo. Quando administram uma casa nos mínimos detalhes e se dedicam de corpo e alma pra o chamarem de lar, quando criam, provém e educam seus filhos na maioria das vezes sem pai, desempenhando os dois papéis com maestria. Quando têm coragem de mudar de emprego, casa, parceiro, carro, cabelo e status, quando encaram começar do zero sempre que preciso. Quando acham que os filhos estão criados e crescidos e que poderão desfrutar de mais tempo, e aí viram mães dos próprios pais (porque as mulheres conhecem o sentido da palavra GRATIDAO desde cedo)quando decidem não ter filhos e não serem mães, ou quando adotam filhos gerados no coração, e quando assumem a responsabilidade de ser mãe dos filhos do parceiro. Quando lutam pra pagar suas contas e encontrar dignidade no mercado informal, e penam na fila do supermercado, da aposentadoria, da matrícula do filho, pra realizar um exame do SUS, da cesta básica da igreja ou da ONG e tantas outras batalhas travadas, vencidas e muitas vezes não reconhecidas e testemunhadas por ninguém, a não ser pela determinação e coragem delas mesmas. E um salve tbm, a mulher independente emocional e emponderada que busca estabilidade nessa geração, que já entendeu que não quer repetir nem de longe a história opressora da sua mãe e nem da mãe dela. Que não quer sofrer calada e que prefere lutar pelo seu bem estar com ou sem parceiro, do que aceitar que “homem é assim mesmo” a mulher entendeu que se ela não encontrou e nem vai encontrar o “homem” da vida dela, que ela ao menos seja a “mulher” da própria vida: inteira, em paz, do bem, com Deus e bem resolvida. Que se ela tiver vontade, faça seu happy hour após o trabalho, sozinha ou com os amigos, que ela se quiser, vá ao cinema bem acompanhada dela mesma, do que sozinha estando com alguém. Que ela prefira num sábado à noite um edredom com netflix e seu cachorro, do que ir montada pra balada com uma sensação de vazio só pra dar satisfação pra os outros, que ela escolha por prazer degustar seu vinho gelado após aquela faxina puxada, sozinha e em casa sem se sentir menos por isso, que ela vá pra o salão e fique linda mesmo que seja pra ir apenas ao supermercado ou ir na casa dos pais, só pra se sentir linda e cuidada. Que ela se quiser, fique na comida saudável ou caia de boca no brigadeiro, na pizza ou na cerveja, pq ela escolheu assim. Que possa ser livre pra não se maquiar, dar um nó nos cabelos e se jogar no pijama surrado pq ela simplesmente está de boa. Que ela abra mão de uma balada pra levar o filho no parquinho ou passear com seu cachorro, pq nesse dia seu espírito está afim disso e não daquilo, e pronto. Um salve pra todas as mulheres que tomam decisões, optam pelo crescimento, por uma vida melhor, seja essa financeira, profissional, emocional, pessoal ou espiritual. Seja o que for, mas que RESPEITO habite sua vida e seus espaços. Que seja uma mulher justa e boa, mas seja feliz.
Chiara Lins.