Projeto itinerante idealizado em Aglomerado da Serra, bairro de Belo Horizonte (MG), promove a cultura do funk e conecta periferias de diferentes regiões do Brasil. Em janeiro, ele chega à capital cearense após estreia de sucesso no Rio de Janeiro.

 

O projeto Favelinha na Estrada, que celebra o funk e a cultura das periferias, chega a Fortaleza em janeiro de 2025. A iniciativa, que estreou com sucesso no Rio de Janeiro, realiza sua segunda parada no dia 17 de janeiro, sexta-feira, às 18h, com apresentação do espetáculo Brinco de Ouro, no Theatro José de Alencar, e etapa da batalha de funk Disputa Nervosa Nacional, que terá também aulão aberto de Passinho de BH e participação do coletivo fortalezense Baile de Favela no dia 18 de janeiro, sábado, a partir das 17h, no Complexo Cultural Estação das Artes. A entrada para os dois eventos é gratuita.

 

Patrocinado pela Petrobras e pelo Ministério da Cultura, através do Programa Petrobras Cultural e da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e realizado pelo Centro Cultural Lá da Favelinha, o projeto Favelinha na Estrada foi idealizado pelo multiartista mineiro Kdu dos Anjos e percorrerá oito capitais brasileiras – Rio de Janeiro, Fortaleza, Porto Alegre, Manaus, São Paulo, Salvador, Recife e Belo Horizonte.

 

“A gente quer levar o artista periférico e a cultura do funk para ocuparem lugares historicamente elitizados, como os teatros. É uma forma de colocar esse corpo socialmente marginalizado no mapa da produção cultural do Brasil”, comenta Kdu dos Anjos. Inclusive, essa será a primeira vez que o Theatro José de Alencar, patrimônio cultural do Ceará, receberá uma atração de funk, marco na história deste espaço.

 

Com direção de Léo Garcia, o espetáculo Brinco de Ouro traz em cena sete artistas da Cia Favelinha que exploram elementos afro-diaspóricos e diversas influências, como capoeira, samba, vogue, passinho e outras expressões periféricas. “Brinco de Ouro acontece nos detalhes. Não é sobre fazer sentido, mas sobre fazer sentir. É uma relação de sentimentos híbridos que não desconsidera a complexidade de cada signo dentro de um contexto artístico e favelado”, define o diretor.

 

Já a etapa cearense da Disputa Nervosa Nacional promove a conexão entre dançarinos de funk de diferentes regiões do país, celebrando os variados estilos e movimentos do funk brasileiro. A parada do evento em Fortaleza conta ainda com participação do Coletivo Baile de Favela, que nasceu em 2017 a partir das apresentações do DJ William. Para ter um diferencial em seus sets, O DJ trouxe ao palco as danças urbanas, como Twerking, Breaking, Vogue, Popping, House, Kriump entre outras, e juntou ao time uma diversidade musical que passa pelo Soul, Pop Music, Rap, Trap e Funk. O time tem o Mestre de cerimônia Michael Rizzi e mais DJs residentes, como Anny e AngryRoc, além de contar com dançarinos de diversos estilos musicais. 

 

Sobre o espetáculo Brinco de Ouro

Texto do poeta Rogério Coelho:

 

O espetáculo “Brinco de Ouro” é um convite à vida. É um ensaio, um manifesto, um movimento, uma multidão de vozes que se autorrepresentam nos corpos que dançam. De que falam essas vozes?! Falam de opressão, de dores, de amores, de sonhos, de desejos, de libertação. Tudo isso, bem cadenciado no tempo espiralar, que a Rainha Conga Leda Martins nos cantou, sobre os movimentos artísticos de pessoas pretas da história. Espirais das curvas que revisitam a memória de outros tempos, nas peles do agora.

 

Noutros tempos, ex-escravizados alforriados, usavam jóias de ouro, como demonstração de valentia, subversão e poder. Neste agora, o “Brinco de Ouro” se configura nos passinhos coreografados no dia a dia das pessoas pretas faveladas; nas curvas acentuadas dos becos; no desvio das balas, pela via do amor, como garantia da vida.

 

Entre a emancipação de pessoas pretas, pela arte, e a imediata regulação, pelo racismo estrutural, a esquiva da necropolítica se dá nesta mani-festa dos corpos e corpas escreviventes da Favelinha, do Serrão de Belo Horizonte, da leitura do funk mineiro, do passinho de BH, nervoso em movimento, como bem diriam Nilma, Achile e Evaristo. Um movimento que revela as favelografias de uma juventude de agora. E que esse agora é tão renovado por outros agoras no porvir…

 

São as peles de hoje, que se vestem de outras peles da história, para contarem juntas as formas de resistência e poder. Camada por camada, revisitam nossas memórias mais dançantes, para revigorar em nós, a vida. Corpos que não se deixam matar porque dançam; curam-se pelo afeto; reivindicam o direito ao movimento irrestrito de normas sociais, e assim a liberdade está garantida, dia após dia. Esses códigos estão ativados em “Brinco de Ouro” como sinais vitais. Reconheça-os em seus corpos, neste convite para adentrar ao que pulsa nas periferias e suas formas de re-inventar revoluções.

 

Sob a direção artística de Léo Garcia, o espetáculo colore nossas formas de enxergar a afromineiridade e suas identidades artísticas e temporais, numa juventude que está sempre um passo à frente de suas realidades, mas que volta o olhar para o passado, em um diálogo ancestral, o que lhes permite cuidar do próximo movimento.

 

Sobre a Disputa Nervosa Nacional

A Disputa Nervosa Nacional retorna para sua segunda edição, agora em formato ampliado, com seletivas em oito capitais brasileiras (Rio de Janeiro, Fortaleza, Porto Alegre, Manaus, São Paulo, Salvador, Recife e Belo Horizonte). Dançarinos de funk de todo o Brasil podem se inscrever para duelar em batalhas de funk. Cada seletiva premiará o primeiro e segundo colocados, e os melhores seguirão rumo à grande final em Belo Horizonte, que acontecerá em julho de 2025. O campeão nacional levará o prêmio de R$15 mil.

 

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas pelo link disponível nas bios oficiais dos perfis Lá da Favelinha (@ladafavelinha) e do Disputa Nervosa (@disputanervosa). A competição será dividida em fases eliminatórias, com dançarinos duelando em rodadas de três apresentações alternadas de 40 segundos. O vencedor de cada fase avança até a final, que será decidida em cinco rodadas. Além das batalhas, o evento contará com um show de abertura com Kdu dos Anjos.

 

Kdu dos Anjos

Kdu dos Anjos, artista multifacetado e empreendedor de periferia do Brasil, ganhou prêmios e reconhecimento por seus projetos sociais, moda cooperativa e arquitetura inovadora. Em 2023, ele se destacou nacional e internacionalmente ao vencer a disputa mais importante do meio da arquitetura com a Casa do Ano pelo site da archdaily. Além disso, lançou-se como diretor de documentários, estreando com o filme “Folia dos Anjos” e prepara para lançar seu segundo filme “Nevou”. Em 2024 implementou uma nova faceta: repórter! Onde cobriu o carnaval de rua de BH, o SXSW no Texas e as olimpíadas de Paris, para rede globo e outros parceiros.

 

Sobre a Petrobras

A Petrobras é uma das principais empresas do país. Atua de forma integrada e especializada na indústria de óleo, gás natural e energia, tendo como compromisso o desenvolvimento sustentável para uma transição energética justa e inclusiva. A Cultura é também uma energia na qual a companhia investe, patrocinando há mais de 40 anos projetos que contribuem para a cultura brasileira e se fazem presentes em todos os estados brasileiros.

 

SERVIÇO

Favelinha na Estrada – Fortaleza

 

Espetáculo “Brinco de Ouro”

Data: 17 de janeiro de 2025 (sexta-feira), às 18h

Local: Palco Principal do Theatro José de Alencar (Rua Liberato Barroso, 525, Centro)

Capacidade: 711 lugares

Duração: 60min

Classificação: 16 anos

Local acessível no setor Plateia (térreo)

Sessão com tradução em Libras

Entrada gratuita, mediante reserva pelo Sympla (https://www.sympla.com.br/evento/brinco-de-ouro/2770149)

 

Disputa Nervosa Nacional

Data: 18 de janeiro de 2025 (sábado), a partir das 17h

Local: Complexo Cultural Estação das Artes (Rua Dr. João Moreira, 540, Centro)

Entrada gratuita, sem necessidade de reserva de ingresso