Com mais de 35 anos de carreira e 21 turnês internacionais, a artista nascida em Salvador (BA) reforça que a luta contra o racismo deve ser de todo o povo brasileiro, não apenas da população preta.

Fortaleza (CE), novembro de 2023 – Considerada uma das 100 mulheres negras que mais influenciam no mundo pela Most Influential People of African Descent (MIPAD), a cantora Margareth Menezes – que assume vários papeis além da música, sendo atriz, empresária –, é a convidada especial desta semana no PodSempre, um videocast produzido pela rede de farmácias Pague Menos. Neste episódio, que celebra o Mês da Consciência Negra, em 20 de novembro, ela compartilha sua história, os desafios que enfrentou por ser uma artista preta no Brasil, a importância da representatividade, etarismo e os cuidados que adota com sua saúde física e mental. O podcast é apresentado por Bruna Thedy e aborda uma ampla gama de temas relacionados à saúde, superação, beleza, qualidade de vida e bem-estar. Você pode assistir a esse episódio a partir de hoje, 08 de novembro, no canal oficial da empresa no YouTube.

A cantora, nascida em Salvador (BA) e que passou parte da vida na Península de Itapagipe, começa a conversa afirmando que está em um período de renovação: “O artista só envelhece se deixar sua cabeça envelhecer. E a geração atual também vem requalificando a questão de se ter mais idade, o que não impede que se tenha qualidade de vida”, afirma Margareth. Ela acredita que essa tendência de renovação também está se revelando em vários setores, principalmente, na música, pois os artistas têm mais liberdade e controle de seu trabalho com as plataformas digitais. Isso tem permitido mais ousadia: “Estou gostando muito dessa nova geração, cantoras como a Iza, a Ludmilla, que recriam e desafiam a própria estética”, elogia a artista.

Para estar inserida nesse novo momento, ela também reorganizou toda a sua comunicação profissional com a contratação de novos membros da equipe, e digitalizou seus trabalhados, com a criação do selo Estrela do Mar, que está se tornando sua própria gravadora. “Estamos trazendo os mais de 20 projetos que lançamos ao longo de minha carreira para o meu selo”, revela a cantora. Apesar de estar totalmente antenada às mudanças, ela ressalta que não foi fácil ser uma artista negra no país, pois, ainda que tivesse qualidade profissional, era preciso enfrentar o racismo estrutural. “Atualmente, estamos começando a discutir mais essas questões e remodelar a relação da nossa sociedade com o artista negro. Na época, eu não pertencia às agremiações, que eram, em sua maioria, artistas brancos. Então, eu mesma patrocinei a minha carreira. O que eu ganhava em shows, eu reinvestia. Eu fui aproveitando bem as oportunidades, eu me propunha a fazer tudo da melhor maneira, dentro das condições que tive”, comenta Margareth.

Durante a conversa, é possível compreender que a inspiração e o talento inerentes à cantora já são de família. Segundo ela, desde pequena, ouvia o avô tocar violão e seus pais gostavam muito de música. Em certo período de sua vida, morou na Península de Itapagipe, uma região em que havia muita serenata, e ela estava em contato direto com esse mundo. Sobre os pais, apesar de serem bem simples, comenta que nunca a colocaram em uma posição de ser proibida de fazer suas escolhas e foram criados, ela e seus irmãos, para serem honestos. “Meu pai era duro, mas respeitava muito o nosso pensamento. Só dizia para eu não me casar, para aproveitar mais a liberdade”, revela, achando a situação engraçada.

Entretanto, foi no colégio, aos 13 anos, que começou a dar os primeiros passos na careira, com aulas de teatro em um projeto social. Ao sair escola, fez teatro amador, cantando e atuando, quando foi descoberta por Djalma Oliveira: “Ele tinha uma obsessão pela música ‘Faraó – Divindade do Egito’, e precisava de um par para essa gravação. Considero, então, que essa canção abriu as portas para mim e, segue abrindo até hoje”, explica aos ouvintes do videocast.

Racismo: início da transformação na sociedade 

A cantora ainda identifica, infelizmente, resquícios dos 300 anos de escravidão no país, em que o Estado legalizou a posse de um ser humano sobre o outro, principalmente, quando se avalia como as pessoas negras são tratadas pelos policiais e a falta de oportunidade a que estão sujeitas. Entretanto, ela acredita que há uma transformação ocorrendo na sociedade brasileira, principalmente, pela visibilidade que está sendo dada ao tema: “Hoje, temos mais oportunidade de falar e discutir o assunto. Acredito que está tendo início essa transformação, pois é preciso compreender que a luta contra o racismo não é apenas de pessoas pretas, é de todo o povo brasileiro, de todo ser humano”, afirma. E reforça ainda a importância da educação para dar mudar esse cenário: “Não vai se combater a violência com arma na mão, educação é a oportunidade de alterar essa situação. Não é dar esmola, mas é garantir acesso a condições iguais para que as pessoas possam lutar por seus objetivos”.

E, segundo ela, as oportunidades para as pessoas pretas já começaram a aparecer, seja por meio das cotas, ou outras ferramentas de transformação: “É preciso garantir ferramentas para que as pessoas transformem suas vidas, não se tornem dependentes e possam crescer pelas próprias capacidades. Não é porque um advogado é preto e não entende nada de advocacia que vai ser colocado em um cargo. Precisamos dar chances para que as pessoas tenham acesso à qualidade de vida”, explica a empresária. E destaque que já está havendo uma reparação do que ocorreu com essa população: “Precisamos entender que isso não é uma guerra, é uma questão de humanidade, bondade, e precisa ser praticado, é uma reparação natural”.

Inclusive, ela identifica que tem recebido mais homenagens e reconhecimento, principalmente, por mostrar sua representatividade e se posicionar por meio de sua música afropopbrasileira. “O que eu via acontecer, no passado, com Sandra Sá, Zezé Mota, tem acontecido comigo. É muito carinho e eu fico muito agradecida!”, afirma a cantora.

ONG: desafios não impediram o sucesso do projeto  

No videocast, a artista reconhece que a oportunidade de ser apoiada por um projeto social dentro da escola em que estudava foi fundamental para sua carreira, pois sua origem é humilde: o pai era motorista e minha mãe marisqueira. E, muitas vezes, os filhos da população menos favorecida ficam sem uma oportunidade e abandonados à violência. Com essa consciência social, Margareth deu origem ao projeto Fábrica Cultural, que é uma instituição promotora de educação e de cultura por meio de ações sociais, produtivas, criativas e sustentáveis. Entretanto, reconhece que são muitos os desafios: “Eu e minha empresária, Jaqueline Azevedo, iniciamos o projeto achando que era fácil, até entender todas as responsabilidades envolvidas, burocracia”, afirma a artista.  O projeto, localizado em Salvador (BA), teve início em 2008 e beneficia crianças, jovens e suas respectivas famílias.

Meditação e cuidados com a saúde

Em relação à saúde, a compositora de 60 anos afirma que está se cuidando cada vez mais, mas faz esportes desde a escola até hoje. Ainda que mantenha uma alimentação equilibrada, faz questão de dormir bem e ter acompanhamento profissional, principalmente, para preservar a voz, Margareth acredita que sua própria música também a ajuda nessa empreitada: “A música que fazemos é dançante, viva, então acredito que a vitalidade também precisa ser mantida dentro de nós”, conclui. Sempre com um sorriso no rosto, ela revela que fica mais ansiosa apenas próximo ao Carnaval, com muitos compromissos e que, durante a pandemia, enfrentou o começo de uma depressão: “Eu precisei manter a minha mente firme e fazer muita meditação, isso foi importante demais.”

Adepta a alguns produtos de origem natural para cuidar da beleza, a cantora compartilha que quer comprar tudo quando chega em uma farmácia: “Eu compro shampoos, vitaminas e preciso me segurar, pois eu tenho uma coleção de escovas de dente e sempre quero comprar uma nova”, confidencia. Com todos esses cuidados, mas principalmente focada em manter sua saúde mental, Margareth afirma que, para enfrentar o etarismo não mede sua vida pela opinião alheia: “Eu não me sinto velha, porque tem muita gente nova que é mais velha do que eu. A idade não é um número, mas um sentimento. Todos os dias, quando abro meus olhos, encaro como uma oportunidade de me renovar”, finaliza.

Sobre as Farmácias Pague Menos e Extrafarma

A Pague Menos e Extrafarma estão presentes nos 26 estados da Federação e no Distrito Federal. Contam com 1.652 lojas, distribuídas em mais de 400 municípios, com cerca de 25 mil colaboradores, além de uma plataforma omnichannel, que possibilita ao cliente comprar como quiser e receber seus produtos onde preferir. Líderes nas regiões Norte e Nordeste, a Pague Menos e Extrafarma são hoje o Hub de Saúde da classe média expandida, com mais de mil unidades do Clinic Farma em todas as regiões do país.