Como parte das celebrações do aniversário do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), complexo cultural da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará), gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), que completa 24 anos no dia 28 de abril, o Museu da Cultura Cearense (MCC) e o Núcleo de Articulação Territorial do Dragão do Mar (NAT) homenagearam, nesta quarta-feira (26), às 14h, os Dragões do Mar, Movimento Comunidade na Luta pelo resgate da história, da cultura e dos direitos sociais de pescadores e marisqueiras do Ceará.
Celebrando a resistência ancestral e o histórico de luta dos jangadeiros, em memória de Chico da Matilde e demais jangadeiros que insurgiram contra a escravidão no Ceará, o Centro Dragâo do Mar convidou membros da comunidade e familiares para uma visita ao complexo cultural. Na ocasião, os convidados participaram de duas atividades na exposição “Retrato de Mestre”, mostra que destaca as antigas práticas de fotografia instantânea, monóculo e fotopintura, e foram homenageados com uma galeria. Depois de participar de uma visita guiada pela mostra, o grupo contemplou a galeria formada com seus registros em fotopintura digital, trabalho realizado pelas mãos de Júlio Santos, mestre consagrado na arte. Além disso, os Dragões do Mar foram também fotografados com câmera do tipo caixote, ação conduzida pelos retratistas Tonho Ceará e Luiz Santos, numa parceria com o espaço de memória Acervo Mucuripe e do Kuya – Centro de Design do Ceará -, cujas imagens serão posteriormente reveladas em lambe-lambe.
Segundo a superintendente do CDMAC, Helena Barbosa, a iniciativa integra o conjunto de ações de estreitamento das relações com o entorno do Dragão. “O resgate da relação com as comunidades de pescadores é fundamental, porque essa memória ancestral é fundante da própria identidade do complexo cultural, um DNA de resistência, liberdade e desejo de mudança, reconhecidos na história de luta do movimento dos jangadeiros, pilares que inspiraram a criação do centro cultural e que norteiam todas as suas iniciativas”, afirma a gestora.
Segundo Valéria Laena, assessora de Museus do Dragão e uma das curadoras da mostra Retrato de Mestre, as ações enaltecem o trabalho dos jangadeiros, figuras simbólicas para pensar a relação da cidade com o mar e sua cultura. A assessora do NAT, Andreza Magalhães, destaca: “A grande maioria dessas pessoas vai visitar o centro cultural pela primeira vez, então essa é uma iniciativa que supre uma importante lacuna na construção de uma relação com essa vizinhança e que se desdobra na formação de plateia”.
Em sua primeira visita ao Dragão do Mar, o pescador Jacó Raimundo dos Santos, 65, disse estar encantado com a homenagem: “Agradeço ao Dragão pelo reconhecimento e torço para que ações como essas tenham continuidade. Há mais de 50 anos morando em Fortaleza, é a primeira vez que venho aqui e estou emocionado com a oportunidade”.
Retrato de Mestre
Com curadoria do Mestre Júlio Santos, referência na arte da fotopintura, da assessora de museus do Dragão, Valéria Laena, e de colaboradores do MCC, a mostra apresenta um acervo composto de imagens e objetos relacionados a uma fotografia que vai dos monóculos, das câmeras de instantâneo (popularmente conhecidas como lambe-lambes) e dos retratos pintados, práticas de registros mais artesanais que já foram comuns no Ceará, à aplicação de técnicas digitais. A exposição conta com o apoio do Instituto Mirante, via Centro de Design do Ceará.
Visitas de terça a sexta, das 9h às 18h (com acesso até as 17h30), e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h (com acesso até as 17h30). Acesso gratuito e livre.