Mulheres empreendedoras que compõem o colegiado se disponibilizam a compartilhar as peças da campanha em cada um dos seus estados.

O empreendedorismo pode representar a porta de saída da violência doméstica enfrentada por muitas mulheres. Dados de uma pesquisa produzida pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora mostram que 48% das entrevistadas conseguiram terminar relacionamentos abusivos e até violentos ao abrirem a própria empresa.

Com foco nessa realidade e em consonância com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que assinou o manifesto nacional Feminicídio Zero, a coordenadora da Câmara Brasileira da Mulheres Empreendedoras do Comércio (CBMEC), a cearense Laura Paiva convidou o Ministério para falar sobre o tema na reunião do Colegiado, que aconteceu em Brasília, dia 1º de outubro, na sede da CNC.

A secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra Mulheres, Denise Dau, que representou a ministra Cida Gonçalves e reforçou os objetivos e mensagens da campanha. “Queremos sensibilizar a sociedade: empresas, clubes esportivos, movimentos sociais, homens e mulheres para que o conjunto da sociedade se conscientize, se engaje e não permita que a violência contra as meninas e mulheres seja naturalizada”, declarou.

O movimento tem um apelo diferenciado buscando alcançar os homens também, para que se posicionem até em situações em lugares comuns, como ambiente de trabalho. “O objetivo é despertar que o homem possa interferir e dialogar com um colega caso veja um comportamento que não é legal”, citou.

A campanha tem ido aos clubes de futebol ampliando a conscientização e o engajamento da sociedade no enfrentamento à violência, em especial contra o feminicídio. Também está sendo disseminada dentro dos estádios de futebol. Segundo Denise, a partir de uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Instituto Avon, em dias de jogo, o número de boletins de ocorrência de ameaça contra mulheres aumenta 23,7%. O número de registros de lesão corporal cresce 20,8%. Em dias de jogo na cidade do time, o aumento de registros de lesão corporal é de 25,9%.

“Clubes de futebol como Corinthians, Bahia, Fortaleza, Botafogo, Flamengo, Vasco, Cruzeiro, Remo e Paysandu já estão aliados à causa do Feminicídio Zero”, informou. As ações variam como selo no uniforme, faixa no campo, locução no estádio, distribuição de materiais gráficos nos jogos.

Denise apresentou ainda as estruturas e iniciativas disponibilizadas pelo Governo Federal, como a Casa da Mulher Brasileira, as unidades móveis de atendimento, a reestruturação do atendimento 180, a oferta de atendimento psicológico e as hospedagens provisórias.

 

Câmaras pelo Brasil

A coordenadora da CBMEC, Laura Paiva, reforçou no começa da reunião que sua coordenação do grupo tem como premissa a coletividade, abrindo para que cada federação, que já dispõe de uma câmara de mulheres, possa compartilhar essas experiências e trazer a realidade de cada região. “Temos 66 integrantes, titulares e suplentes, e uma represente no mínio de cada estado brasileiro. O Brasil é continental e é essa troca que buscamos aqui”, reforçou.

A gerente da Assessoria das Câmaras Brasileiras do Comércio e Serviços (ACBCS), Andrea Marins, lembrou que no portal da CNC há uma página específica sobre as câmaras e um manual disponível para download, com a visão, estrutura e fluxo de informação de funcionamento. “Hoje já são 10 câmaras da mulher instaladas nas federações. Esse movimento é importante porque enriquece os nossos debates aqui e inspira todas as empresárias”, disse.

O coordenador-geral das Câmaras, Luiz Carlos Bohn, que participou da reunião, disse estar honrado em participar da reunião, destacando o desafio que é acompanhar as 11 câmaras temáticas da CNC. “São muitos assuntos, das mais variadas ordens, de impacto em todo o Brasil. Certamente aqui, com essas empresárias de sucesso, aprendemos muito”, frisou.

Ele reforçou o papel de escuta ativa das câmaras, sua interface com a presidência da CNC e o protagonismo feminino das integrantes. “A pouco tempo tive a oportunidade de ver o filme viúva Clicquot, que mostra como a protagonista rompe as barreiras machista da época e faz a vinícola de seu marido ser um sucesso mundial que conhecemos hoje. É muito inspirador”, finalizou.

Fonte: https://portaldocomercio.org.br/camaras-do-comercio

Sobre Laura Paiva  

A cearense Laura Paiva, vice-presidente da Rede de Farmácias Santa Branca, é a atual coordenadora da Câmara Brasileira das Mulheres Empreendedoras do Comércio (CBMEC), órgão consultivo da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Laura Paiva é empresária, farmacêutica e casada com o também empresário e farmacêutico Maurício Filizola. Com Mestrado e Doutorado em Farmacologia, Laura tem especialização em Gerenciamento e Atenção Farmacêutica e pós-graduação em Gestão do Varejo.

Por todo o seu serviço prestado à população e a profissão farmacêutica, recebeu, em 2020, uma homenagem da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Também foi agraciada com a Comenda ao Mérito Farmacêutico Cearense, concedido pelo Conselho Regional de Farmácia CRF-CE.