Criado para incentivar geração de empregos, o efeito acabou sendo contrário, já que o setor precisou demitir colaboradores pela falta dos repasses.
Bares e restaurantes associados à Abrasel registraram prejuízo em suas contas nos últimos anos após sofrerem calote do programa Mais Empregos Ceará, criado em 2021, pelo Governo do Estado, buscando incentivar a criação de novos empregos no período.
O programa consistia em um subsídio governamental de 50% do salário mínimo durante seis meses para novos contratos, exigindo, no entanto, que as empresas mantivessem os postos de trabalho por mais três meses, auxiliando a retomada econômica de bares e restaurantes afetados pela pandemia.
No entanto, quase três anos após a criação do benefício, empreendimentos associados à Abrasel relatam que levaram calote do governo, tendo em vista que cumpriram os requisitos exigidos, mas não foram contemplados, como é o caso de um dos associados, que precisou arcar com prejuízos de R$100 mil.
De acordo com Taiene Righetto, presidente da Abrasel no Ceará, o benefício até começou a ser pago, mas depois houve a interrupção do acordo. “Recebemos algumas parcelas, mas, principalmente quando houve a mudança de gestão, esse compromisso foi descontinuado, se tornando assim um dos fatores que conduziram os empreendimentos do setor a um prejuízo muito grande”, revela.
Taiene ainda afirma que o programa Mais Empregos Ceará, que deveria significar uma retomada econômica para o setor, acabou representando um retrocesso. “Durante a pandemia, os poderes públicos municipal e estadual praticamente não adotaram medidas em favor do setor de alimentação fora do lar. As poucas iniciativas se mostraram ineficientes para a maioria dos estabelecimentos, de pequenas e médias empresas, ou trouxeram mais dívidas, como é o caso do programa Mais Empregos”.
Righetto explica que o foco do programa não era salvar os negócios de bares e restaurantes, mas incentivar a geração de emprego em um momento de crise. Parecia bom e por isso o setor abraçou a ideia, contratando e gerando emprego quando o cenário não era favorável. “Mas agora estamos nesta situação, com muitos já tendo falido ou desistido de cobrar os valores, e outros ainda lutando para se manter em pé”, argumenta.
Para a Abrasel, não se trata apenas de valores, embora contribuam para amenizar o cenário negativo, mas de ética. “Não importa se a dívida é de um centavo ou de mais de R$1 milhão, o que importa é a credibilidade. Como vamos confiar em um governo que prometeu e não cumpriu?”, questiona.