Professora da Unifametro explica quais cuidados são necessários para evitar a ocorrência desses casos.

 

Após 24 anos desde sua última atualização, o Ministério da Saúde divulgou uma significativa revisão da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho, incorporando 165 novas patologias. Esta atualização expandiu o leque de diagnósticos, elevando de 182 para 347 os códigos de doenças reconhecidas nesse contexto. Entre as doenças incorporadas, ganham destaque a ansiedade, o burnout e a depressão, que agora figuram como enfermidades relacionadas diretamente às atividades laborais.

 

De acordo com a psicóloga Fernanda Oliveira, professora do curso de Psicologia do Centro Universitário Fametro (Unifametro), as atividades laborais podem potencializar ou desencadear o desenvolvimento dessas doenças. “Precisamos considerar todas as dimensões da vida do indivíduo quando discutimos seu adoecimento psíquico: o emocional, o psicológico, o ambiente de trabalho, a dinâmica familiar e social”, ressalta a professora.

 

Os números do Sistema Único de Saúde (SUS) entre os anos de 2007 e 2022 revelam quase três milhões de casos de doenças ocupacionais atendidos, destacando que 52,9% desses casos estão relacionados a acidentes de trabalho graves.

 

“A prevenção desses casos requer cuidados tanto por parte das empresas quanto dos colaboradores. A nível individual, estratégias como buscar psicoterapia, apoio social (família, amigos, chefias e colegas de trabalho), a prática de exercícios físicos, esportes, hobbies, lazer e atividades em grupos são destacados como formas de manter o bem-estar emocional e psicológico”, explica a professora.

 

A professora reforça ainda que para as empresas, medidas como o redesenho de tarefas, a promoção de intervalos durante o expediente, reuniões interdisciplinares, atividades grupais com colegas e chefias, grupos de treinamento em habilidades sociais e, em casos específicos, a readequação de atividades laborais são apontadas como possíveis ações para mitigar esses problemas.

 

“A inclusão de condições como ansiedade, burnout e depressão na lista oficial de doenças relacionadas ao trabalho reforça a necessidade de uma abordagem integrada, envolvendo esferas individuais e corporativas, visando a preservação da saúde mental dos trabalhadores e a promoção de ambientes laborais mais saudáveis e equilibrados”, conclui a professora.