De 9 a 12 de agosto, o I Seminário Acessibilidade no Cinema, que conta com recursos de acessibilidade, traz debates, oficina e exibição de filmes.
Cinema da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará) que integra o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), o Cinema do Dragão realizará, entre 9 e 12 de agosto, na sala 1, a primeira edição do Seminário “Acessibilidade no Cinema”. Além de mesas redondas, a programação gratuita traz oficina e exibição de filmes. As falas contarão com intérpretes de LIBRAS e as exibições contarão com Audiodescrição (AD), Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Legendas para surdos e ensurdecidos (LSE). Para participar, basta retirar convite (até dois por pessoa) na bilheteria do Cinema, no dia de cada atividade, a partir das 14h. O Seminário conta com apoio do Museu da Cultura Cearense, da Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece) e do Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), todos equipamentos da Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secult Ceará.
Segundo Kênia Freitas, curadora e programadora do Cinema do Dragão, a iniciativa dá continuidade ao esforço para, a partir da integração entre agentes diversos do campo, como gestores públicos, produtores, salas de cinema e streamings, consultores e produtores de audiodescrição, intérpretes de libras, realizadores e curadores de mostras e festivais e espectadores, avançar na implementação de políticas públicas relacionadas às acessibilidades sensoriais – de libras, AD e LSE – no audiovisual. Em março deste ano, o Cinema do Dragão realizou também a “Mostra, todo mundo quer ver… Corpos estranhos!”, com curadoria do consultor de audiodescrição Edgar Jacques, que reuniu uma seleção de longas atravessados por questões ligadas a corpos dissidentes e com recursos de acessibilidade nas projeções.
Debates
Abrindo a série de cinco debates que acontecem ao longo dos quatro dias do Seminário, na quarta-feira (9), a partir das 17h, “Políticas Públicas – Histórico e Desafios” será tema de mesa composta por Valéria Cordeiro (assessora de Projetos Especiais da Secult Ceará), Thamyle Vieira (orientadora da Célula de Acessibilidade da Coordenação de Diversidade, acessibilidade e cidadania cultural da Secult Ceará) e Vitória Sâmea (Supervisão do Programa de Acessibilidade ECA/ CCBJ). A mediação do encontro será da curadora e programadora do Cinema do Dragão, Kênia Freitas.
Na quinta-feira (10), às 17h, 17h, uma segunda mesa reunirá Camila Vieira (coordenadora de Cinema e Audiovisual da Secult), Marilena Lima (representante do Audiovisual no Conselho Estadual de Política Cultura/CE), George Frota (presidente do Fórum Cearense do Audiovisual) e Thaís Mandarino (roteirista, pesquisadora e roteirista de Audiodescrição) para discutir “Leis, Editais de Fomento e Produção Audiovisual”. O bate-papo contará com mediação do jornalista Carlos Viana, que integra o Projeto Acesso, do Museu da Cultura Cearense e é membro do GT Cultura do Acesso da Secult/CE.
Na sexta-feira (11), também às 17h, Lara Lima, integrante do Projeto Acesso, do MCC e membro do GT Cultura do Acesso, da Secult/CE, mediará a conversa sobre “Projetos e Iniciativas Artísticas”, que contaŕa com a participação de Liliana Tavares (audiodescritora, produtora de acessibilidade na cultura, gestora da Com Acessibilidade Comunicacional e idealizadora e produtora do VerOuvindo), Gislana Monte Vale (mulher negra, cega, escritora, poeta, pesquisadora e doutoranda em Psicologia da UFF) e Lyvia Cruz (contadora de histórias; tradutora e professora de Libras no IFCE).
Dando continuidade às discussões, no sábado (12), a partir das 15h, o tema “Salas de Cinema e Tecnologias Assistivas” será debatido por Agebson Rocha Façanha (professor do IFCE e pesquisador do Núcleo de Tecnologia Assistiva do IFCE), Duarte Dias (multiartista e pesquisador com atuação em Cinema, Música, Literatura e Artes Visuais) e Vinicius Ramos (produtor do Itaú Cultural), com mediação de Igor Girão (bibliotecário do setor de Leitura Acessível da Bece).
Encerrando a programação de mesas, às 17h, “Práticas, Ensinamentos e Aprendizados” serão colocados em pauta por Bell Machado (filósofa, mestre em Multimeios, audiodescritora, roteirista e narradora), Roger Prestes (professor do curso Jornalismo da UFCA e do curso Letras/Libras) e Gracy Kelly (mestranda em Estudos da Tradução pela UFC, professora, tradutora e intérprete de Libras e Língua Portuguesa), contando com Vitória Sâmea (supervisora do Programa de Acessibilidade ECA/CCBJ) na mediação.
Os filmes
Na quarta-feira (9), às 19h, será exibido ‘Limiar’, documentário autobiográfico dirigido por Coraci Ruiz, realizado por uma mãe que acompanha a transição de gênero de seu filho adolescente: entre 2016 e 2019 ela o entrevista abordando os conflitos, certezas e incertezas que o perpassam numa busca profunda por sua identidade. Ao mesmo tempo, a mãe, revelada por meio de uma narração em primeira pessoa e por sua voz que conversa com o filho por detrás da câmera, passa ela também por um processo de transformação que a obriga a romper velhos paradigmas, enfrentar medos e desmantelar preconceitos.
Na quinta-feira (10), será realizada a Sessão Curtas Cearenses, que exibirá ‘Dança Nossa de Cada Dia’, de Klístenes Braga; ‘Luziaria’, de Beatriz Cortez Tanabe, e ‘O Caminho Vivido’, dirigido por Kiko Alves.
Imagens de bastidores e depoimentos de profissionais estão no filme ‘Dança Nossa de Cada Dia’, produzido durante a realização do projeto “Dança: Arte que Transforma Vidas”, da Associação Elos da Vida, que há mais de 20 anos colabora com a inclusão de pessoas com deficiências através da arte e o acesso de todos os corpos nessa dança cotidiana que é viver em sociedade.
‘Luziaria’ mostra o Palácio de Maria Luziaria. Beatriz conhece Mãe Jacque. Em 2017, ainda pesquisadora, ela chega com muitas dúvidas e medos, mas é acolhida com ensinamentos pela família espiritual da casa, onde permanece até os dias de hoje. Dentro da umbanda, Maria Luziaria e Mãe Jacque guiam seus filhos de santo para os altos e baixos da vida.
‘O Caminho Vivido’ traz a memória, a história das mulheres negras e periféricas de Fortaleza, narradas por elas. Pequenas memórias que juntas contam de nós, corpos negros à deriva pelas histórias que teimam em apagar nossos afetos. O filme trata de contar histórias para construir afetos negros, narrativas positivas sobre nossos corpos que existem e resistem também pelo afeto entre nós.
Também na quinta (10) e na sexta (11), às 19h, acontecem as sessões VerOuvindo, festival de filmes com acessibilidade comunicacional do Recife que produz, exibe e discute a acessibilidade no cinema, com foco na formação de público com deficiência sensorial (visual, auditiva ou neurodivergentes). Vencedor do Concurso da Recam de Buenas Prácticas de la Sociedad Civil del MERCOSUR en Accesibilidad Audiovisual, 2018, recebeu o Voto de Aplauso da Câmara dos Vereadores da cidade do Recife 2018 e em 2021 recebeu o Voto de Aplauso da Assembleia Legislativa de Pernambuco. A 8ª edição em novembro terá público municipal do SIC-FIC.
Oficina
Na sexta-feira (11), a partir das 14h, Bell Machado ministrará a oficina “A linguagem cinematográfica na audiodescrição como possibilidade estética”, a partir da apresentação das vertentes cinematográficas e da realização de exercícios de audiodescrição em cinema. A oficina pretende debater a importância de se conhecer a linguagem artística da obra que se pretende traduzir, sendo, portanto, uma questão primordial para aqueles que trabalham com a tradução das imagens em palavras. “O acesso à linguagem do filme para a fruição estética do cinema é um direito da pessoa com deficiência visual. E dar acesso às diversas possibilidades de escolha estética é o dever ético do audiodescritor”, afirma Machado.
PROGRAMAÇÃO
09/08 (quarta-feira)
17h – [Mesa de Abertura] “Políticas Públicas – Histórico e Desafios”, com Valéria Cordeiro, Thamyle Vieira e Vitória Sâmea
Mediação: Kênia Freitas
19h – [Sessão 1] ‘Limiar’ (Brasil – 2020)
Direção: Coraci Ruiz // 77 min // Livre
10/08 (quinta-feira)
17h – [Mesa 2] “Leis, Editais de Fomento e Produção Audiovisual”, com Camila Vieira, Marilena Lima, George Frota e Thaís Mandarino
Mediação: Carlos Viana
19h – [Sessão 2] Curtas Cearenses – 43 min // Livre
Dança Nossa de Cada Dia (Klístenes Braga /Doc. / 13 min. / Ceará-Brasil | 2022)
Luziaria (Beatriz Cortez Tanabe / 16 min. / Documentário / HD / cor / 2022 / Fortaleza, CE / A CASAMATA)
O Caminho Vivido (Kiko Alves / 15 min / Livre / Ceará-Brasil | 2021)
11/08 (sexta-feira)
14h – [Oficina] “A linguagem cinematográfica na audiodescrição como possibilidade estética”, com Bell Machado
17h – [Mesa 3] “Projetos e Iniciativas Artísticas”, com Liliana Tavares, Gislana Monte Vale, Lyvia Cruz
Mediação: Lara Lima
19h – [Sessão 3] – Filmes VerOuvindo
Pega-se Facção (Thaís Braga, 13min, documentário, livre, 2020)
A Saga da Asa Branca (Lula Gonzaga, 7min, animação, 10 anos, 1979)
Da Boca da Noite à Barra do dia (Tiago Delácio, 18min10, documentário, livre, 2021)
12/08 (sábado)
15h – [Mesa 4] “Salas de Cinema e Tecnologias Assistivas”, com Agebson Rocha Façanha, Duarte Dias e Vinicius Ramos
Mediação: Igor Girão
17h – [Mesa 5] “Práticas, Ensinamentos e Aprendizados”, com Bell Machado, Roger Prestes e Gracy Kelly
Mediação: Vitória Sâmea
19h – Sessão 4 – Filmes VerOuvindo
Coleção (André Pinto e Henrique Spencer Ficção, 13’ 10 anos, 2018)
Cor de Pele (Lívia Perini, Documentário | 15’, Livre , 2018)
Caboclinho (João Marcelo Alves, 15min, livre, 2021)
Serviço: Seminário “Acessibilidade no Cinema”
Data: 9 a 12 de agosto de 2023 (quarta a sábado)
Horário: A partir das 17h
Local: Na sala 1 do Cinema do Dragão (Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema)
Acesso gratuito mediante retirada de convite na bilheteria física, no dia do evento, a partir das 14h