A saúde mental indígena é um tema que ainda sofre muita invisibilidade, embora registre estatísticas alarmantes. Os casos de suicídio entre indígenas no Brasil cresceram 20% entre 2016 e 2017, aponta relatório do Conselho Indigenista Missionário. Mais de 44% dos suicídios entre os povos indígenas envolveram crianças e adolescentes de 10 a 19 anos, uma porcentagem oito vezes maior do que o observado entre brancos e pretos de mesma idade (5,17% em cada), segundo relatório epidemiológico do Ministério da Saúde, publicado em 2017.
Esses dados revelam uma profunda crise enfrentada pelas comunidades indígenas, que demanda atenção e ação imediata. “Existem diversos fatores que contribuem para essa situação preocupante. É importante considerar o contexto histórico e social em que os povos indígenas têm vivido. Ao longo dos séculos, as comunidades indígenas foram submetidas a um processo de colonização, exploração e marginalização, resultando na perda de suas terras, cultura e identidade. Esse processo de despojamento e opressão tem impactos profundos na saúde mental desses povos”, destaca Daniella Campelo, cuidadora do Instituto Parentes.
Daniella aponta que o tema saúde mental das comunidades indígenas ainda é pouco discutido e ainda pouco trabalhado na prática. “Essas comunidades enfrentam desafios significativos no acesso a serviços de saúde mental adequados. Muitas vezes, há falta de estrutura, recursos e profissionais capacitados para atender esse público. O próprio estigma associado à busca de ajuda psicológica e a ausência de políticas públicas eficazes são obstáculos adicionais que impedem o tratamento e a prevenção de problemas de saúde mental nas comunidades indígenas”, explica.
“Tudo que nóis tem é nóis”
Neste cenário, o evento “Tudo que nóis tem é nóis” em Fortaleza, que acontecerá de 7 a 9 de julho de 2023, promovido pelo Instituto Parentes, tem como foco principal falar sobre saúde mental e este tópico no contexto da comunidade indígena ganha uma visibilidade especial no encontro. Um dos destaques do evento será a presença do Cacique Roberto, grande líder indigena na atualidade e grande guerreiro na luta pela demarcação, pelo direito do povo Anacé e do bem viver.
O evento contará com a presença de palestrantes renomados como Letícia Nascimento, renomada pesquisadora de Gênero e Educação; Paulo Amarante, pesquisador da Fiocruz; Jeane Tavares, professora do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; Antônio Bispo, ativista político e militante do movimento social quilombola; e muitos outros. E uma mesa no domingo, intitulada “Pessoal do Ceará”, encerra o evento reunindo grandes nomes de referência da saúde mental do Estado e trabalhadores de vários territórios da cidade. A programação completa está disponível no site do evento: https://institutoparentes.com.
O encontro busca abordar a saúde mental de maneira abrangente, combinando abordagens técnicas, poéticas e políticas. A programação contará com palestras, apresentações artísticas e culturais, lançamento de livro, momentos de acolhimento e outras atividades. O objetivo é criar um espaço de diálogo, celebração e luta, que coloque a vida no centro, promovendo a inclusão de todas as pessoas.
Uma parte do encontro será realizada no Centro Frei Humberto, um espaço de formação coordenado pelo MST do Ceará. Além disso, estão previstas visitas à comunidade indígena Anacé/Caucaia e à escola-terreiro Ilê Axé Oba Oladeji, em Maracanaú, enriquecendo a experiência dos participantes com vivências culturais e comunitárias.
Os ingressos para o evento podem ser adquiridos pelos canais oficiais, com preços especiais para estudantes de graduação e pós-graduação, além de pacotes que incluem hospedagem no próprio local do evento (Frei Humberto/MST). Para obter mais informações, entre em contato pelo WhatsApp (85) 99251-1241, siga @institutoparentes ou acesse o site https://institutoparentes.com.