Escrita terapêutica surgiu na década de 80, dez anos depois do desenvolvimento do método de Escrita Proprioceptiva.
Mais do que os diários que acompanham a humanidade, a escrita tem se tornado cada vez mais uma ferramenta de bem-estar emocional e até mesmo físico, conforme estudos realizados nas últimas décadas. A escrita terapêutica surgiu na segunda metade da década de 80, a partir de um estudo do professor de Psicologia James Pennebaker. Ele descobriu que escrever sobre sentimentos, ligando-os a eventos passados e vice-versa, traz benefícios efetivos à saúde das pessoas. Dez anos antes, a Escrita Proprioceptiva já ganhava forma.
Pennebaker se debruçou sobre o conceito de psiconeuroimunologia, introduzido por Robert Ader em 1981, área científica que estuda a interação entre o sistema nervoso central e o sistema imunológico. No seu experimento, ele convidou um grupo de estudantes para escrever durante 15 minutos sobre traumas de suas vidas ou um momento difícil que enfrentaram, buscando pensamentos profundos, ainda que não tivessem falado sobre eles a ninguém.
Simultaneamente, um grupo de controle passou o mesmo número de sessões escrevendo sobre coisas neutras. Depois do experimento, o psicólogo monitorou os participantes por seis meses e verificou que os estudantes que escreveram sobre seus sentimentos e pensamentos profundos foram menos ao médico nesse período do que os alunos do grupo de controle.
Nos anos e décadas seguintes, a área da psiconeuroimunologia passou a explorar a relação entre a escrita sobre sentimentos e pensamentos e o funcionamento do sistema imune. Novos estudos foram realizados, inclusive no Brasil, e indicaram o efeito positivo dessas escritas sobre sintomas de doenças como asma, artrite, enxaqueca e até mesmo câncer, entre outras.
Uma década antes do experimento de Pennebaker, entretanto, a professora de Inglês e Humanidades Linda Trichter Metcalf já havia dado início ao método de Escrita Proprioceptiva.
Inteligência inconsciente
O nome, Proprioceptive Writing em inglês, é uma analogia à propriocepção, o sistema de comunicação do corpo que acontece através de terminações nervosas chamadas proprioceptores e funciona como uma inteligência corporal inconsciente, que não passa pelo raciocínio, mas acontece o tempo no corpo, dando a condição de nos localizarmos espacialmente e de sabermos sobre nós.
Os autores do método propuseram a analogia para sugerir que o mesmo processo acontece em nível mental.
No verão de 1976, Linda acampou no sótão de uma velha casa de pedra em busca do tema para sua tese de doutorado. Ela decidiu rastrear e registrar os pensamentos que lhe vinham à mente. Nesse processo intensivo, descobriu histórias que não sabia que estavam nela e sentimentos não acessados na vida diária.
Linda desenvolveu o método de escuta dos pensamentos, escrita e reflexão sobre eles, a partir de suas experiências. Com o professor de inglês Tobin Simon, fundou, em 1982, o Proprioceptive Writing Center, nos Estados Unidos, hoje sediado em São Francisco, na Califórnia.
Desde o início do seu desenvolvimento, na década de 70, até agora, o Método da Escrita Proprioceptiva foi ensinado e praticado em diferentes partes do mundo. O método EP está sendo trazido ao Brasil pela professora de Escrita Proprioceptiva, certificada pelo Proprioceptive Writing Center (USA), Renata Parisi R. Pellicer, única pessoa com formação para ensiná-lo em língua portuguesa.
Excursão exploratória
Segundo Renata, a técnica utiliza a escrita como ferramenta para diminuir a velocidade do pensamento e, assim, propiciar uma escuta atenta, curiosa e profunda sobre eles, deixando-os guiar o praticante por uma verdadeira excursão exploratória para dentro de si.
“A Escrita Proprioceptiva nos ajuda a simbolizar, dar palavras aos sentimentos, revisitar memórias e cenas antigas, nos dando a possibilidade de re-elaborar, de maneira gentil e profunda, crenças cristalizadas em nós muitas vezes na forma de dores físicas e emocionais recorrentes. A EP não é terapia, mas praticada com frequência tem efeitos terapêuticos narrados pelos praticantes”, explica Renata.
Entre os benefícios relatados pelos praticantes de EP, o exercício regular do método contribui para aumentar a concentração, diminuir inibições, construir autoconfiança, aliviar a mente, resolver conflitos emocionais, conectar-se mais profundamente consigo mesmo, desenvolver a comunicação escrita e falada de forma clara e efetiva, enxergar a vida a partir de novas perspectivas, alcançar entendimentos sobre fatos traumáticos, despertar sentidos e emoções e liberar energias criativas que trazem revitalização e bem-estar.
Sobre a Sopro A Sopro é um lugar seguro de exploração de si mesmo através da escuta e da escrita. Com práticas em grupo e individuais, de maneira online e presencial, o que move a Sopro é provocar movimentos que podem ser transformadores na vida das pessoas, que podem ampliar a escuta de si mesmo e dos outros, expandir seu repertório de possibilidades na vida e desbloquear sua atuação criativa no mundo. Instagram – Link Linkedin – Link Site – Link
Sobre Renata Parisi Psicanalista e Professora de Escrita Proprioceptiva Psicanalista pelo Instituto Deep, de São Paulo; pós-graduação em Psicologia Transpessoal, pelo IPEC; e mestrado em Estudos Interdisciplinares de Comunidade e Ecologia Social, pelo Instituto de Psicologia da UFRJ. Professora de Escrita Proprioceptiva (Proprioceptive Writing), obteve certificação no The Proprioceptive Writing Center, na Califórnia, Estados Unidos. |