Missoni como um modo de ser, um ponto de vista instintivo e livre sobre o ato diário de se vestir. Partindo da atitude e dos materiais, a sensibilidade gráfica surge como resultado do trabalho sobre as peças e seu uso. O objetivo é ir além da percepção superficial e limitada do que se acredita ser Missoni, redescobrindo sua essência, seu fundamento: um diálogo entre duas sensibilidades distintas e complementares, um equilíbrio entre o masculino e o feminino.
A vida cotidiana é a chave dessa releitura: peças criadas para situações e momentos reais. O foco está no vestuário diurno e nas roupas de outono/inverno, mas também na noite: volumes que envolvem e protegem,
muitas vezes com inspiração masculina, e formas descomplicadas, repetidas com a intenção de construir um vocabulário de objetos e atitudes. O cardigã, o casaco estilo peacoat, o blazer, a camisa, o suéter robusto, a polo, a gola alta, a regata. O suéter ou a camisa usados como minivestido; o cardigã emprestado do guarda-roupa masculino, jogado sem esforço sobre outro suéter e sobre a camisa, combinado com um cachecol ou um lenço de tricô. Assim, sem pensar demais. Com a mesma naturalidade, as pernas estão à mostra, os pés calçados com botas masculinas de cano curto, botas de trabalho, chinelos, sandálias. Tudo em uma mistura de tons terrosos e quentes, iluminados por toques metálicos, e em uma gama de materiais sensuais, tridimensionais e preciosos: lã, cashmere, seda.
Uma coleção despreocupada, projetada com a intenção de afirmar um estado de espírito Missoni, onde a materialidade do vestir se torna um antídoto à imaterialidade da narrativa.