O paciente que tem o diagnóstico de tuberculose, uma doença infectocontagiosa, muitas vezes tem um tratamento com longo período de internação e, consequentemente, com isolamento social. Por isso, após o período do isolamento, é importante realizar atividades que resgatem o convívio social e a interação. E é com essa proposta que a Casa de Cuidados do Ceará (CCC), unidade de desospitalização da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), lançou grupos de apoio aos pacientes que estão nessas condições.

Semanalmente, o grupo “InspirAR” é conduzido por psicóloga e terapeuta ocupacional com atividades diversas como psicoeducação e estimulação cognitiva, motora e social. Há também um espaço de escuta, acolhimento e troca de experiência.

A terapeuta ocupacional Nivea Barros explica que a atividade “ginástica cerebral” é utilizada como recurso terapêutico para estimular algumas funções cognitivas. A dinâmica é feita com cartas com conteúdos de associação, resgate de memória de curto prazo, memória semântica, atenção e concentração. “O conteúdo de uma das cartas escolhidas por um participante apresenta uma lista de nomes a ser memorizada, seguida de um distrator [alternativa incorreta], como estratégia para resgatar a memória de curto prazo”.

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                                Jogos estimulam a capacidade cognitiva dos pacientes.
 

Além do estímulo à memória, as atividades em grupo também promovem a socialização entre os internados. “O isolamento acarretado pelo tratamento, pode gerar impactos no humor e nas relações sociais. Por isso é importante promover atividades em que eles se sintam acolhidos e que também promovam a socialização”, explica a psicóloga Ariana Matias.

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A tuberculose pode dificultar os movimentos do corpo, por isso a equipe de fisioterapia promove atividades que estimulem essa movimentação.
 

A equipe faz exames, primeiramente, exames para atestar que o paciente não está mais transmitindo a doença. A auxiliar de cozinha Ana Patrícia Vasconcelos, 39, está em tratamento de tuberculose na CCC há um mês e já saiu do período de isolamento. A paciente conta que sentiu oscilações de humor, por isso passou a participar do grupo como uma forma de relaxar. “Nessa atividade, pude puxar da memória brincadeiras de criança que eu até tinha esquecido como jogava. Eu me sentia presa quando estava isolada, já aqui é local de aprendizado e de fazer amigos. Além disso, as profissionais são muito atenciosas”, elogia.

Programação em grupo faz parte da rotina dos pacientes com tuberculose

Além do grupo InspirAR, que ocorre nas manhãs de quartas-feiras, a Casa de Cuidados do Ceará também promove, com a equipe de fisioterapia, o grupo “Respira”, nas sextas-feiras.

“No grupo, promovemos atividades que estimulem os movimentos do corpo como alongamentos e treino funcional, com estímulo dos membros superiores e inferiores, além de caminhadas ao ar livre. Tudo isso faz com que eles sintam o ar fresco e a luz solar, melhorando o sistema imunológico”, explica a fisioterapeuta Lucilene Santos.

Já a equipe de enfermagem atua com o grupo “Educação e Saúde” nas manhãs de segunda-feira. O objetivo do grupo é abordar temas de saúde e tirar dúvidas a partir de sugestões dos pacientes.

“Geralmente fazemos essa dinâmica de perguntas e respostas sobre tuberculose, mas já fizemos sobre HIV. É uma oportunidade de o paciente entender mais sobre a doença e seu diagnóstico, além de promover um momento de acolhimento”, explica a enfermeira Renata Maia.

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Os pacientes fazem atividade ao ar livre após passar por exames que atestem que não transmitem mais a doença.

Tratamento de Tuberculose na Casa

Em julho deste ano, a Casa de Cuidados do Ceará passou a contar com 20 leitos para receber pessoas que realizam tratamento contra tuberculose no Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ). A instituição passou a atender pacientes em alta hospitalar que ainda necessitam de assistência após o período de internação.

O atendimento aos pacientes com tuberculose na Casa de Cuidados conta com uma equipe multiprofissional, que inclui médico infectologista, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo.