Com apoio do governo do Estado do Rio, Prefeitura do Rio, TV Globo e Trace, os encontros vão mapear e endereçar as demandas das favelas e periferias, no Brasil e de outros 40 países, à cúpula G20 em novembro próximo.

Após dois anos de intensas articulações, a Central Única das Favelas (CUFA), em colaboração com a Frente Nacional Antirracista e a Frente Parlamentar em Defesa das Favelas e Respeito à Cidadania dos seus Moradores lançam oficialmente, na próxima segunda, dia 29 de abril, na CUFA Complexo da Penha / Alemão, na cidade do Rio de Janeiro, a Primeira Conferência Internacional das Favelas (CIF20).

As CIF20 comporão um marco histórico e integram a agenda do G20Social, além de contarem com a chancela da Unesco. Elas marcarão o início de uma série de conferências em mais de 3 mil favelas no Brasil, abrangendo todos os 27 estados brasileiros e 41 países. Essas conferências, que seguem até setembro de 2024, têm como objetivo central colocar a favela no mapa do G20, trazendo contribuições de todas as regiões do Brasil, das Américas, da Europa, África, Ásia e Oceania, organizando questões sociais e econômicas específicas desses territórios para endereçá-las aos tomadores de decisão como parte da agenda do G20.

“Essa iniciativa pretende ampliar a comunicação entre os moradores das periferias de todos os continentes. Os movimentos sociais de todo o mundo têm a chance de juntar suas agendas e levar para a mesa, onde as protagonistas serão as soluções propostas por todos’, afirma, Celso Athayde, fundador da CUFA.

Os eixos a serem debatidos nas conferências são os seguintes:

  1. Redução das desigualdades, combate à fome e à pobreza;
  2. Sustentabilidade;
  3. Direitos humanos, raça e gênero;
  4. Desafios globais enfrentados pelas favelas e periferias;

 Para Letícia Gabriella, da Frente Nacional Antirracista, a CIF20 irá dar oportunidade para as 20 maiores potências olharem para os desafios das populações negras do mundo a partir das reflexões delas. “Chegou a hora de inverter a lógica, não queremos ser pautados, queremos formular a pauta e impactar a agenda dos negros e negras por esse mundo a fora”, completa.

Para o Wellington Quaquá, líder no congresso da Frente Parlamentar das Favelas, esse é um momento histórico. “A favela não pode ser coadjuvante, não pode ficar de fora dos grandes debates que ocorrem no país. Hoje, a frente reúne mais de trezentos deputados de todos os partidos. E se favela não é apenas carência, é uma grande potência, como o Athayde diz, e eu irei colaborar no parlamento para essa agenda se consolidar a cada dia”, explica.

As demandas produzidas pelas favelas e periferias das mais de 80 cidades ao redor do mundo que receberão a CIF20 em 2024 serão reunidas pelos seus organizadores e levadas ao Fórum Internacional das Favelas, que este ano irá acontecer no mês de Setembro na Cidade do Rio de Janeiro. Esse Fórum não tem necessariamente relação com o G20, mas este ano os dois eventos acontecem no mesmo período e é oportuno que as agendas sejam combinadas.

“Estamos muito contentes em apoiar essas iniciativas que coincidem com a Presidência do Brasil no G20. A parceria da UNESCO com a CUFA é antiga, tem mais de 20 anos e nos permite compartilhar com o mundo a potência das favelas, contribuindo para que o conhecimento produzido aqui esteja disponível para todos”, declarou a diretora e representante da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.

As ações da CIF20 serão realizadas e produzidas pelas CUFAs locais e contarão com a presença de Celso Athayde e seu filho caçula, Marcus Vinícius Athayde. Essas conferências serão divididas em fases ao longo dos meses de Abril, Maio, Junho e Julho. A primeira fase acontecerá nos seguintes países: Brasil (29 de Abril), Luxemburgo (5 de Maio), Suécia (8 de Maio), Cazaquistão (9 de Maio), Rússia (11 de Maio), Uzbequistão (12 de Maio), Bélgica (13 de Maio), Inglaterra (16 de Maio), República Centro Africana (18 de Maio), República Democrática do Congo (20 de Maio) e Moçambique (22 de Maio).